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Mostrando postagens de dezembro, 2010
Quando digo Deus, os olhos se fecham, e a luz me ilumina. Quando digo Deus, vejo meu tamanho real e espanto-me com minha vaidade. Quando digo Deus, minha ignorância me envergonha. Quando digo Deus, meu orgulho se abate. Quando digo Deus, minha angústia de futuro se alivia. Quando digo Deus, a correria desenfreada da vida perde o sentido. Quando digo Deus, a ambição que atormenta desaparece. Quando digo Deus, a arrogância...se dissolve no ar. Quando digo Deus, a prepotência... se desfaz na poeira. Quando digo Deus, os caminhos se abrem para novos destinos. Quando digo Deus, a chama do amor começa a aquecer devagar. Quando digo Deus, a vida se transforma numa caminhada mais leve. Quando digo Deus, olho meus companheiros com esperança e afeto. Quando digo Deus, os braços se abrem para as crianças. Quando digo Deus, o pão fica mais saboroso em minha boca. Quando digo Deus, o canto embala o meu trabalho. Quando digo Deus, o sono vem e alivia o meu cansaço. Quando digo Deus, o abraço e o bei

Outras Dores

Hoje chorei, como há muito tempo não chorava. Não havia razões claras. Na verdade há. Apenas chorei. Talvez por razões passadas, histórias ancoradas no porto do meu ser, talvez por razões presentes, aí onde a dor não se ossificou, não se fez concreta, não mostrou a face, mas pairou soberana e silenciosa. Tem certos dias que a dor nos toca, vem de dentro, de fora, do alto e de baixo, da palavra, da imagem, do gesto, da mentira, da covardia do próximo. Dores que não tem remédio. Tento expurga-la por meio das palavras. Falo, ouço e me calo. Falo só para não expor meu próximo. A palavra é o referencial, é a chave que me dá acesso à realidade. Dor que não se localiza. É diante dela que faço a experiência do limite. Sem ter o que dizer, mesmo assim me arrisco. Por vezes, imagino o gesto de Jesus a rabiscar o chão. Diante dele, Madalena perante o escárnio. Ele também se calou. Sofreu, pensou, antes de ditar receitas mágicas que exterminassem a dor daquela mulher. Mesmo sendo Deus, preferiu a

A Ilha dos Seus Sonhos

Havia um homem que nasceu e passou toda a sua vida numa ilha tropical, e tal como a sua família acabou por trabalhar na industria de turismo. Ele sempre acabava por conhecer os turistas a acabava por conversar com eles, mas eles não gostavam muito dele. Talvez a razão disso é que ele sempre dizia para os viajantes o quanto ele detestava aquele tempo tropical. Ele sempre se queixava que a temperatura era sempre quente, e que sempre haviam turistas demais na ilha, e que não entendia o porque que se apaixonavam tanto pelo tempo e a beleza natural da ilha. Afinal de contas, o que outros descreviam como uma beleza natural deslumbrante, era o que lhe rodeava desde o dia que nasceu. Então um dia ele decidiu viajar para um lugar que não fosse sempre ensolarado. Ele fez as suas malas e emigrou para a Rússia. No primeiro mês ele ate gostou do facto que estava sempre frio e escuro, mas depois de um tempo ele se tornou insatisfeito com isso. Ele não gostava do tempo sempre ensolarado e nem do fr